seg. maio 20th, 2024

Filmes foram o primeiro Universo Compartilhado dos cinemas

Hoje em dia se fala muito de “Universo Compartilhado” nos cinemas e muito disto se deve à Marvel Studios, que com suas produções e histórias interligadas, conseguiram montar algo nunca visto antes na história da indústria. São personagens participando de produções de outros, tramas que se juntam, enfim, uma infinidade de ligações.

Com isso, várias produtoras e estúdios passaram a apostar na mesma ideia, ora dando muito certo, como o que aconteceu com o universo de Invocação do Mal, ora não muito, como os filmes da DC que ainda não engrenaram.

Além disso, as séries também começaram apostar nesta ideia, mesmo que de uma forma menor, e temos vistos produções se unindo. Riverdale por exemplo já anunciou que vai trazer o universo de O Mundo Sombrio de Sabrina para sua próxima temporada.

Contudo, e se nós te dizermos que bem antes de Marvel e seus heróis, existia todo um outro universo compartilhado nos cinemas, que realmente originou este termo e era totalmente voltado para o terror? Estamos falando do Universal Monsters, o Universo de Monstros Universal, que lá em 1930, época do cinema em preto e branco, já veio com a ideia de interligação entre histórias e personagens.

Se você não faz ideia do que estamos falando, não se preocupe, neste post Especial de Halloween vamos te contar tudo e mostrar como estes filmes clássicos são importantes para o cinema até hoje.

Como surgiu o Universal Monsters?

Como dissemos lá em cima, este universo de histórias compartilhadas foi lançado em 1930, porém a ideia para tudo isso começou a engatilhar dez anos antes, em 1920, com o lançamento de dois filmes: O Corcunda de Notre Dame (1923) e O Fantasma da Ópera (1925).

Estas duas produções tinham em comum o fato de serem tramas baseadas em livros, cujo o protagonista fugia daquele estereótipo de herói tão conhecido, partindo para um lado mais sombrio e grotesco, trazendo pela primeira vez a ideia do anti-herói, mesmo que de uma forma um tanto quanto pequena.

O Fantasma da Ópera 1925 / Imagem: Universal

Apesar do medo do estúdio em produzir filmes diferentes do que o público estava acostumado, a ideia deu muito certo e provocou nos espectadores um misto de sentimentos, desde medo até uma certa empatia, além de popularizar no imaginário de todos estas figuras que ficavam escondidas nas sombras.

Tudo isso teve como iniciativa a ideia de Carl Laemmle, o fundador do Universal Studios, que era um grande fã das obras literárias e via um grande potencial em trazê-las para as telonas. Apesar de ter que brigar no início para sua ideia ser comprada pelos outros produtores, logo ele mostrou que havia encontrado uma mina de ouro, que faria história no cinema através das mãos de seus filho, Carl Laemmle Jr.

Os Monstros nos cinemas

Vendo o sucesso que os dois filmes haviam alcançado, o filho de Laemmle, que era chefe de produções do estúdio, começou a pensar em histórias literárias clássicas, que eram famosas por seus personagens e que poderiam ser adaptadas para os cinemas da mesma forma, sempre com este ar mais sombrio e horripilante.

Logo ele pensou em Drácula de Bram Stoker, uma trama que já fazia sucesso desde o século anterior e tinha exatamente as características que ele buscava. Mas não só isso, ele acabou se lembrando também da história macabra de Frankenstein que foi criada por Mary Shelley, antes mesmo de Stoker surgir com seu vampiro. Ali ele tinha as histórias que queria contar.

Porém, ele decidiu se preparar, buscar uma equipe especial e atores que realmente se encaixassem nos papéis e somente depois de quase dez anos os monstros voltavam para os cinemas.

Os primeiros filmes

O primeiro filme a ser lançado nesta nova leva foi Drácula, em 1931, que trouxe Béla Lugosi no papel principal. Aliás, o ator viu sua carreira alavancar ainda mais e se tornou eternizado nos cinemas graças a sua excelente interpretação. Ele moldou a forma como os vampiros foram vistos nos cinemas por décadas.

Ainda em 1931 foi lançado Frankenstein, que por coincidência foi oferecido o protagonista para Béla Lugosi, tendo em vista o sucesso que ele conquistou com seu Drácula. Contudo, o ator recusou o papel por considerar a maquiagem do personagem grotesca demais, sendo que iria tapar toda sua face, além de não ter falas. O papel acabou indo para Boris Karloff, que nem precisamos dizer que arrasou em cena, apesar de não proferir uma palavra.

Drácula 1931 / Imagem: Universal

No ano seguinte, em 1932, chegava aos cinemas A Múmia, que diferentemente das produções anteriores, não teve um livro servindo de base. Na verdade, o roteirista John L. Balderston usou lendas antigas e reportagens sobre expedições no Egito para criar a história. Como o personagem também trazia “problemas de locomoção” e características únicas, o papel foi oferecido à Boris Karloff, que acabou aceitando. Este foi o primeiro filme a trazer a figura das múmias para os cinemas.

Em 1933 foi lançado O Homem Invisível, que mais uma vez se apoiava em um famoso livro para contar sua história. O longa foi adaptado da obra de ficção científica escrita por H. G. Wells. Uma curiosidade é que o rosto do ator Claude Rains, que deu vida ao protagonista, apareceu somente em uma cena, no final do longa, tendo em vista que durante toda a história ele estava “invisível”.

Dois anos depois, em 1935, acontece a primeira sequência de um filme, trazendo de volta personagens conhecidos. Foi lançado A Noiva de Frankenstein. Karloff e outros membros do elenco voltaram para dar continuidade na trama iniciada em 31, mostrando uma nova virada na história do famoso monstro.

Infelizmente este foi o último filme que contou com a produção Carl Laemmle Jr., que vinha mantendo a ideia de sua pai viva nos cinemas. Ele faleceu em 1936 e não viu todo o mundo de criaturas que foi criado à partir daquilo que seu pai imaginou e que ele projetou.

Continuações e novos monstros

Durante o restante da década de 30 e até a década de 50, uma infinidade de novos filmes foram desenvolvidos e novos monstros também foram sendo apresentados.

Acabou que uma criatura participava da história de outro personagem e assim as tramas foram crescendo e este grande universo compartilhado foi criado.

Não temos como falar de todos os filmes de forma única, se não este post ficará gigantesco, mas o que você precisa saber é que depois de A Noiva de Frankenstein, foram lançados outros vinte e seis filmes, que fazem parte deste universo, sendo continuações ou novas apresentações. O último chegou aos cinemas em 1956.

Neste contexto tivemos a introdução do Lobisomem, um novo Fantasma da Ópera e do Monstro da Lagoa, que pasmem, se passa nada mais, nada menos do que aqui no Brasil. Isso mesmo, temos um monstro da Universal para chamar de nosso.

Ao todo, temos mais de trinta filmes dentro deste universo compartilhado / Imagem: Universal

Na trama do Monstro da Lagoa uma expedição de cientistas norte americanos viaja até a Amazônia, onde faz uma incrível descoberta. Daí já dá para imaginar o que surgiu né. Uma curiosidade, é que seja intencional ou não, a figura do filme A Forma da Água (2017), de Guillermo del Toro, se parece muito com este monstro alá brasileiro.

O filme do Monstro da Lagoa teve duas continuações, sendo que foi justamente o último que encerrou as produções monstruosas do estúdio em 1956.

Sem um novo Monsters Universal

Deu para perceber como os filmes de monstros foram importantes para a história do terror e mais ainda para o Universal Studios, certo?

Estas criaturas foram responsáveis por uma nova forma de criar e contar histórias de terror, sendo que se popularizaram de tal maneira, ficando por quase trinta anos em evidência, fazendo atores se imortalizarem em papéis e popularizando os monstros na cultura pop.

E o que se faz quando já se passou anos de um clássico e novas gerações que não o conhece surgem? Isso mesmo, lá vem o remake para trazer de volta o sucesso, ou pelos menos tentar.

Vendo como os filmes da Marvel ganharam destaque e sabendo que tinham em suas mãos um universo compartilhado gigantesco para explorar, a Universal resolveu reformular, modernizar e acordar seus monstros para criar novamente o Monsters Universal. Porém, a ideia não poderia ter dado mais errado.

O conceito era até interessante e grandes nomes do cinema estavam envolvidos, como Johnny Depp que iria dar vida ao novo Homem Invisível. Porém, o filme que iria abrir esta nova leva de filmes de monstros foi um verdadeiro fiasco.

A Múmia foi o escolhido para dar o ponta pé inicial e apesar de ter Tom Cruise como protagonista, a trama não convenceu e ficou bem abaixo do que era esperado. Para se ter ideia do qual ruim foi, o filme teve um orçamento de 125 milhões de dólares e arrecadou ao todo 195 milhões, ele quase não se pagou.

Depois do fracasso de A Múmia em 2017, a Universal abandonou seu projeto do Dark Universal, que traria de volta seus monstros clássicos / Imagem: Divulgação Universal

O fracasso do longa foi um verdadeiro balde água fria nos planos do estúdio, que decidiu abandonar o protejo em 2019 e seguir com suas histórias por outros caminhos, de forma independente, sem universo compartilhado. Com isso tivemos o excelente O Homem Invisível lançado em 2020 com Elizabeth Moss, que foi um dos melhores filmes do ano e mostrou uma nova forma de terror.

Enfim, este post tem um pouco da história do Universo de Monstros da Universal e mostra como as tramas de terror nos cinemas foram fortemente afretadas por estas criaturas. Dá para ter uma noção da importância destes personagens para a história do cinema e do gênero nas telonas.

Você sabia a história deste universo comaprtilhado? Fazia ideia de que ele foi o primeiro a surgir dentro do cinema? Conta pra gente.

Se curtiu, não deixe de compartilhar com aquele seu amigo que também precisa conhecer esta história.

 

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