qua. maio 15th, 2024

Produção da HBO conquistou público e crítica

Era difícil imaginar que uma série ganharia o público tão rapidamente, após o fim de Game Of Thrones. Todos se perguntavam qual a próxima super produção que tomaria a internet e quanto tempo levaria para ela surgir. Pois bem, não tivemos que esperar muito, afinal ela já havia estreado, tem nome e veio da própria HBO. Estamos falando de Chernobyl.

A minissérie, lançada no dia 06 de maio, se propôs a contar, em cinco episódios, a história do maior desastre nuclear do mundo, ocorrido na Usina de Chernobyl, entre os dias 25 e 26 de abril de 1986, quando o reator número 4 explodiu liberando radiação.

Se você ainda não assistiu deve estar pensando “Ah, eu não vou assistir uma série que vai parecer um documentário para falar deste acidente!”. Porém, não se engane, pois o que ela mostra é algo totalmente diferente e brilhante.

Sim, a produção mostra o acidente, como ele ocorreu e suas consequências, mas, mais do que isso, ela mostra os bastidores, como foi possível que ele acontecesse. Mostra como tentaram, de todas as formas, evitar que o assunto chegasse a escalas mundiais.

Mostra como o acidente contribuiu para o fim da União Soviética e, mais importante, mostra os heróis do desastre, heróis até então desconhecidos por nós, ocidentais. Heróis de carne e osso que sacrificaram suas vidas para evitar um desastre ainda maior.

O acidente nuclear de Chernobyl foi o maior desastre com radiação e a série se propôs a mostrar seus bastidores / Imagem: Divulgação

Indo por partes, logo no começo a série mostra a explosão do reator e que os responsáveis pela usina não deram grande importância para o risco de contaminação, afinal, por que se preocupar com algo que não vai acontecer? Por isso, eles enviam equipes de bombeiros, sem proteção, para apagar o fogo e evitar que ele se dissipasse.

Contudo, quando estes homens chegam ao local, são logo afetados pela radiação, que já tinha se propagado, e acabam se contaminando. Aliás, a forma como a produção mostra esta contaminação é um show à parte, sendo que especialistas disseram que ela mostrou, de forma bem realista, o que acontece com nosso corpo quando entramos em contato com a radiação.

Incrédulos com o que veem e desesperados com o acidente, os responsáveis logo tomam medidas para parar a propagação de detritos e enviam uma mensagem para Moscou informando do ocorrido, alegando que foi de pequenas proporções.

Porém, mais tarde, eles descobrem a real situação e tentam encobrir o fato para livrar o governo de problemas, mas, com isso, acabam condenando a população da cidade de Pripyat, que, achando que o incêndio não teria grandes consequências, já estava sendo atingida pela radiação através do ar.

Neste ponto, vemos que Valery Legasov (Jared Harris), físico especialista em energia nuclear, é quem percebe o real tamanho do acidente e como ele pode ter consequências em escalas mundiais se não for feito algo rapidamente.

Por isso, ele é mandado até a cidade de Pripyat para ver de perto a situação, juntamente com o vice-presidente do Conselho de Ministros das União Soviética, Boris Shcherbina (StellanSkarsgard), e da cientista Ulana Khomyuk (Emily Watson).

Vale apontar que esta contribuição feminina na equipe não é algo que realmente aconteceu, pois, na época, a situação era bem diferente dentro da União Soviética, sendo impossível que uma mulher ocupasse um alto cargo e, mais ainda, que estivesse presente na solução de um desastre como foi o de Chernobyl.

Isto nos faz lembrar que estamos diante de uma produção americana e que seu criador, Craig Mazin, não iria abrir mão de colocar seu toque para contar a história.

O realismo dos efeitos choca quem assiste e mostra o sofrimento de quem viveu na época / Imagem: Divulgação

Em outra parte, começamos a ver como a radiação afeta a população da cidade, que acreditava que o incêndio não tinha tido consequências, mas se vê em desespero ao perceber que algo esta errado, mesmo com o governo insistindo para que não se preocupassem.

Isso choca o telespectador, pois vemos como a ambição e o orgulho de não se assumir os próprios erros condenou, de verdade, cerca de 90 mil pessoas à morte e milhares a uma vida de dor. Vemos como as informações desencontradas fizeram a cidade se tornar um caos, onde ninguém sabia o que devia fazer, que atitude tomar, ficando tempo demais expostos a radiação que vinha pelo ar.

Chegamos então a um dos arcos mais brilhantes que esta série tem, ao não ficar apontando dedo nos culpados, mesmo mostrando que eles existiram, mas dando espaço a pessoas que entregaram suas vidas para evitar que a radiação se propagasse.

Sem dúvidas, este ponto é o que mais nos faz sentir na pele o que foi aquele desastre, afinal vemos homens que no início não sabem o que realmente aconteceu, mas, mesmo depois de se darem conta, dão tudo de si para resolver o problema, deixam seus corpos serem atingidos por algo mortal, para evitar que suas esposas, seus filhos, suas famílias morram.

É sensacional e cria no telespectador a chamada empatia, quando nos colocamos no lugar destas pessoas e percebemos como sofreram.

Os atores StellanSkarsgard, Jared Harris e Emily Watson (da esquerda para direita) dão um show de interpretação. / Imagem: Divulgação

Nem precisamos dizer que os efeitos da produção são de cair o queixo de tão realistas e que a interpretação dos atores é um espetáculo, dando a carga dramática necessária para série. Contudo, temos que aplaudir a pesquisa realizada por trás da produção.

Como sabemos, a União Soviética era fechada e até mesmo integrantes do partido não tinham acesso a todas as informações, quem dirá outros países, por isso mesmo é incrível a riqueza de detalhes, a forma como a série mostra tudo o que aconteceu.

É divino aprender mais sobre o acidente, coisas que não vemos na escola ou em documentários, através de uma série, que se mostrou tão preocupada com passar as informações reais e necessárias, que dá uma aula de física no último episódio, prendendo a atenção do expectador, que entende, de forma didática, tudo o que aconteceu durante a explosão.

Chernobyl é uma daquelas raras séries que podemos dizer que TODOS devem assistir, pois ela entrega tudo o que buscamos em uma produção: trama bem amarrada, que faz em cinco episódios o que muitas não conseguem em cinco temporadas; uma história que mostra todos os lados, sem se esquecer de fechar nenhum; personagens com os quais nos identificamos, que mostram a natureza humana; efeitos visuais que enchem nossos olhos e uma trilha que dá o tom certo para cada cena.

Enfim, a série é uma aula para quem assiste e deve servir de exemplo para outras produções, pois mostra que não são necessários muitos episódios e tramas fantásticas para se ter sucesso. Na verdade, basta muito respeito pela história e vontade de contar algo que valha a pena ser assistido.

Esta é a verdadeira receita para o sucesso, que deu a série nota 10 em ranking de produções e cinco estrelas em muitos sites, inclusive no nosso. Tem que assistir hoje!

P.S.: A série tem como base o livro VOZES DE TCHERNÓBIL, da autora Svetlana Alexijevich, e nós já falamos dele em outro post, para conferir clique aqui.

E aí, você já assistiu a série? Concorda com a gente? Conta nos comentários.

Até mais!

 

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